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O professor sênior da Universidade Federal do Paraná, Miguel Mansur Aisse, palestrante convidado, falou sobre o 32º CBESA e o que será tratado no encontro
O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) apresentou, na tarde dessa quinta-feira (27/4), em Edição especial do Sisema Consciência, uma introdução do tema principal que será abordado no 32º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA): “Os desafios para a Universalização do Saneamento e a Sustentabilidade”. O congresso acontece entre 21 e 24 de maio, no Expominas, em Belo Horizonte.
O diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo da Fonseca, ressaltou durante abertura do debate a importância para o Estado de Minas Gerais em sediar o 32º CBESA, referência em desenvolvimento e pesquisas e nas ações voltadas para o saneamento e o meio ambiente. “Este momento de debate é apenas uma amostra do que vai acontecer durante o Congresso”, disse. Marcelo da Fonseca também enfatizou a importância da parceria entre a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES) e o Sisema nas ações, discursões, proposições e formulações de políticas públicas em Minas Gerais.
O professor sênior da Universidade Federal do Paraná, Miguel Mansur Aisse, palestrante convidado, ressaltou que o 32º CBESA será um importante encontro, com mais de 50 painéis de discussão, além da apresentação de cerca de 1000 trabalhos técnico-científico referentes ao meio acadêmico. Também acontecerá, simultaneamente, no mesmo local, a Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental (FITABES), que irá reunir novidades tecnológicas, materiais e equipamento para o setor de saneamento.
Para o professor, vivemos um novo marco do saneamento básico. “São novos paradigmas, nova forma de pensar as políticas, os incentivos à pesquisa, o desenvolvimento e a consolidação de novas tecnologias. Essa mudança de paradigmas é fruto das pesquisas científicas levadas aos congressos para conhecimento e aceitação. É um rompimento de modelos e padrões que já estão fortemente estabelecidos na sociedade”, explicou.
De acordo com a apresentação feita pelo professor, o Programa de Pesquisa e Saneamento Básico (Prosab), criado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e instituições públicas ou privadas, tem o objetivo de desenvolver e aperfeiçoar tecnologias nas áreas de água para abastecimento, águas residuárias, resíduos sólidos, uso racional de água e energia e manejo de águas pluviais, que sejam de fácil aplicabilidade, baixo custo de implantação, operação e manutenção, e que resultem na recuperação ambiental dos corpos d’água, na conservação de água e energia e na melhoria das condições de vida da população brasileira. “Este programa aproximou as universidades da pesquisa básica e aplicadas induzida no saneamento, passando pelos quatro pilares: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas”, disse.
Miguel Mansur falou sobre os produtos desenvolvidos pela ABES, que vão desde publicações técnicas até projetos-pilotos de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e o desenvolvimento de novas tecnologias. Ele ressaltou, ainda, que novos paradigmas se impuseram a partir de 2010. “Não é somente tratar de esgoto, é utilizar a prática do reuso de efluentes para uso agrícola, o gerenciamento dos subprodutos do lodo. Houve uma sistematização da abordagem e o lodo passou a integrar o plano de gestão”, explicou.
O professor ressaltou que a nova Resolução nº 498/2020 substituiu a antiga legislação e o lodo passou a ser um subproduto dentro das ETEs, além do biogás.
Conforme o exposto, posteriormente, o biogás virou um problema, uma vez que é um tipo de biocombustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos (de origem vegetal ou animal), que são decompostos, produzindo uma mistura de gases cuja maior parte é composta de metano (CH4), um dos gases mais poluentes da atmosfera, causador do efeito estufa.
O professor mencionou também a criação de software que, por meio da inserção de dados das estações, dá a estimativa final da produção, unidades de pesquisas para medir a vazão, pressão e temperatura do biogás, estudos e pesquisas para gestão do biogás e a transformação dele em energia elétrica. Ele citou também pesquisas recentes sobre o uso do biogás para secagem do lodo, de forma a reduzir o volume e manter a qualidade e o desenvolvimento de tecnologias de queimadores fechados, o que garante a queima do biogás com a redução do efeito estufa. “As ETEs têm criado ferramentas para englobar todas as variáveis: econômica, social e ambiental, de maneira que elas conversem entre si. O modelo de fluxograma possibilita a análise dessas variáveis para gerar o índice de sustentabilidade”, frisou.
De acordo com o professor Miguel Mansur, a ABES disponibiliza em seu site cadernos técnicos gratuitos em módulos: lodo, biogás, reatores anaeróbicos, entre outros, que estão sendo trabalhados com as universidades brasileiras junto a empresas de saneamento.
Assista na íntrega em Youtube Meio Ambiente Minas Gerais
O Congresso
O Congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA) há seis décadas apresenta, reúne, discute, planeja e integra ações de forma a vencer os desafios da universalização do saneamento, visando à proteção do meio, à saúde e ao bem-estar de todas as pessoas, sem exclusão, por meio da participação de grandes especialistas do setor, pesquisadores, profissionais e estudantes, conectando órgãos públicos e privados, empresas e organizações sociais à ciência, pesquisa e inovação tecnológica.
Voltando ao seu formato totalmente presencial, o Congresso envolverá a comunidade acadêmica, especialistas do setor e organizações parceiras do Brasil e de outros países para discutir os temas mais relevantes em engenharia sanitária e ambiental em sua concepção mais ampla, abordando desafios, políticas públicas, soluções e tecnologia.
O evento tratará todas as dimensões do saneamento ambiental e ainda o meio ambiente, recursos hídricos e saúde pública, discutindo tecnologia, operação, eficiência, planejamento, financiamento e gestão. As discussões do Congresso da ABES, além de abranger as dimensões tecnológica, educacional e institucional, também permeiam, por sua transversalidade, temas sociais, culturais, econômicos e políticos.
Com expectativa de um público entre 3.000 e 4.000 mil participantes, o Congresso concentra a atenção da comunidade técnico-científica brasileira ligada ao saneamento, ao meio ambiente, aos recursos hídricos e à saúde pública.
Wilma Gomes
Ascom/Sisema