Foto: Robson Santos/Sisema
Projeto irá implementar centrais de reciclagem na capital mineira e fornecerá suporte a, aproximadamente, 500 catadores, como alimentação, EPIs e acesso exclusivo a banheiros. Trabalhadores ainda serão remunerados por prestação de serviço ambiental
Colaborar com o meio ambiente e gerar renda. Estes são os objetivos do ReciclaBelô, programa de reciclagem popular para o Carnaval de Belo Horizonte lançado nesta sexta-feira (26/1), no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), pelo Governo de Minas, por meio das Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e de Planejamento e Gestão (Seplag), e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma).
O ReciclaBelô, realizado por cooperativas de catadores de materiais recicláveis, visa ao fortalecimento da reciclagem realizada por catadores no Carnaval de BH, a partir da implementação de centrais de reciclagem nas ruas da capital mineira. O programa também conta com as parcerias da Copasa, Cemig e da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Os locais servirão como ponto de apoio logístico para coleta e distribuição de itens aos trabalhadores, como alimentação, equipamentos de proteção individual (EPIs) e acesso exclusivo aos banheiros. Os catadores receberão, ainda, pagamento por prestação de serviços ambientais. Com a coleta diária mínima de 30kg de latinhas e plásticos, o catador receberá uma diária no valor de R$ 150 e o preço referente ao material comercializado nas centrais.
“Nestes grandes eventos a produção de resíduos sólidos é aumentada e pra nós cidadãos é muito triste depois que acaba a festa ver as ruas de BH toda suja, cheio de lixo. Os catadores tem papel fundamental no processo de limpeza da cidade e o ReciclaBelô vem pra potencializar este trabalho, vem trazer uma outra condição de trabalho com mais dignidade e reconhecimento pelos serviços por eles prestados”, afirma a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo.
Durante o período de folia em Belo Horizonte, entre os dias 10 e 13 de fevereiro, serão implementadas três centrais fixas de reciclagem nas regiões Leste e Centro-Sul. Os locais serão equipados com mesa de triagem, estocagem temporária de recicláveis, balança para pesagem dos materiais e espaço de atendimento, além de energia elétrica.
“Esse reconhecimento é de suma importância, pois estamos fazendo esse trabalho há anos e sem reconhecimento. No Carnaval, fica um pouco mais difícil dos autônomos executarem o seu trabalho por não ganharem, de fato, o que merecem. Era comum trabalharmos sem alimentação e água, mas, o projeto prevê alimentação, água, café e condições mais dignas de fazer o nosso trabalho, sendo remunerados pelo nosso serviço, o que é o mais importante”, celebra a catadora e representante do Movimento Nacional dos Catadores em Minas Gerais, Neli Medeiros.
Outras três centrais móveis estarão disponíveis durante o Carnaval, sendo que o CMRR, no bairro Pompeia, será um dos pontos de apoio para triagem de materiais. Outros locais ainda serão definidos.
Ao todo, aproximadamente 500 catadores devem ser beneficiados com a ação, entre trabalhadores autônomos e cooperados ou associados de organizações de catadores, responsáveis pelos cadastros para o ReciclaBelô. São esperadas a coleta e reciclagem de 40 toneladas de materiais recicláveis durante o Carnaval.
É importante salientar que todo material coletado durante os dias de folia em Belo Horizonte será encaminhado a galpões de triagem das cooperativas que são referência. Nos espaços em questão, os materiais são prensados e armazenados para comercialização junto a indústrias de reciclagem.
Parcerias
O projeto, idealizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e por lideranças de catadores de Belo Horizonte, foi contemplado por meio Plataforma Semente. Para este projeto, foram direcionados, pelos Promotores de Justiça, R$ 592 mil em recursos provenientes de Medidas Compensatórias Ambientais.
A Plataforma Semente recebe propostas de relevância socioambiental apresentados por instituições do terceiro setor, empresas privadas e poder público, com a utilização de um sistema virtual de amplo acesso em Minas Gerais, acessível em sementemg.org.
“Colocamos todo o pessoal da Plataforma Semente, que, em tempo recorde, conseguiu analisar tecnicamente, propor considerações para que o projeto pudesse ser contemplado em tempo hábil. Não se trata de recurso do Ministério Público, mas, sim, recursos que o Ministério Público produz por meio de ações estratégicas e compensações ambientais. O resultado dessas ações, quando se firma o compromisso, traz a compensação, revertida à sociedade”, disse o coordenador do Caoma, Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
Além da quantia direcionada pelos Promotores do MPMG, a Copasa investiu R$ 282 mil no projeto, o que serviu para ampliar a quantidade de catadores atendidos pelo programa.
Fluxo logístico do Recicla Belô
Matheus Adler
Ascom/Sisema