Foto: Ângela Almeida
Soluções inovadoras para o uso eficiente da água no campo e na cidade foram abordadas em roda de conversa
As soluções inovadoras para o uso eficiente da água no campo e na cidade foram abordadas em uma roda de conversa, promovida dentro das programações da Semana da Água em Minas Gerais. Participaram do evento especialistas na área de gestão ambiental e sustentabilidade. O evento aconteceu na última sexta-feira, 22 de março, no Teatro da Biblioteca Pública de Minas Gerais. Foi convidado para moderar a mesa de debates o professor de Direito Ambiental e analista ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Alexandre Magrineli.
O palestrante, Guilherme Raucci, engenheiro Agrônomo e Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), apresentou o tema “Agricultura digital trazendo eficiência e sustentabilidade para o campo”, no qual abordou os cenários e desafios para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050. “Para atingir esta meta, precisamos aumentar em 70% a produção de alimentos”, disse. Raucci é também professor convidado de Inovação e Empreendedorismo na Fundação Getúlio Vargas (FGV), e representante da Agrosmart, onde desenvolve um trabalho com agricultores e empresas visando um cultivo de valor, por meio da agricultura digital. De acordo com ele, a finalidade da ação é produzir alimentos com mais eficiência e celeridade, além de diminuir o impacto ambiental nas cadeias produtivas.
A Agrosmart é uma plataforma de agricultura digital líder na América Latina, com mentalidade de startup, que se tornou uma empresa com mais de 210 mil hectares monitorados. Na opinião do engenheiro, a economia de água pode chegar até 30% devido ao emprego de novas tecnologias na irrigação, além da economia com os custos da eletricidade e da mão de obra, aliado ao aumento de produtividade.
Ele ressaltou os desafios que as empresas e startups enfrentam para que as informações sejam em tempo real. “Hoje, apenas 14% dos campos brasileiros possuem conectividade”. Segundo o engenheiro, a possibilidade da instalação de sensores no campo, informações de uma estação meteorológica e imagens de satélite podem transmitir informações com maior agilidade a possibilidade de tomadas de decisões precisas do agricultor, além do controle da produção. “O uso correto dos recursos hídricos, aliados a novas tecnologias propiciam bons resultados na produção rural, devido ao controle preciso da quantidade de água no solo e da programação correta das operações na lavoura”, frisou.
O tema “Projeto sustentável em edificação urbana: gestão integrada da água foi apresentado pelo representante da Infinitytech Engenharia e Meio Ambiente, Gustavo Freitas. Ele detalhou a atuação da empresa com o Projeto Sustentável em Edificação Urbana: gestão integrada de Água. Freitas chamou atenção para a importância da gestão integrada das águas, e o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos, além da necessidade do desenvolvimento de fontes alternativas de água, redução de desperdícios e perdas, diminuição do consumo de água potável, entre outras ações em prol da economia da água.
Gustavo Freitas listou iniciativas como, por exemplo, ações como medições individualizadas, pressão na rede de água, sistema de água quente, conserto de vazamentos, além da arquitetura e paisagismo adequados e com foco na sustentabilidade. O aproveitamento de água de chuva e pluvial, e de águas para reuso também foram destaque em sua abordagem.
A bióloga e coordenadora do núcleo de gestão da qualidade da água da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Marcela David de Carvalho, apresentou o tema “Novas tecnologias de diagnósticos ambientais por monitoramento remoto”, quando detalhou o trabalho realizado na empresa com as novas tecnologias de diagnóstico. “A Cemig hoje conta com 200 pontos de monitoramento de água que avaliam os relatórios de qualidade da água”, disse.
Marcela citou as parcerias da Cemig com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em projetos de inovação, por meio do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Ong (Instituto Teia). “Esses projetos trabalham com informações em diversas escalas como de drones, imagem de satélite, relatórios de finalização de projetos, análise de custo por área, técnicas disponíveis, acesso a áreas de risco, entre outros.
Durante a fase de perguntas os participantes discutiram questões relacionadas ao planejamento na agricultura, perfil do solo, informação sobre a chuva e clima, escassez de mão de obra no campo, e a eficiência da agricultura brasileira, que coloca o Brasil como um dos países mais competitivos do mundo.
Luis Fernando Bello, colaborador da Revista Plurale, economista e jornalista especialista em inovação, sustentabilidade e governança, também compôs a mesa e falou do planejamento adequado nessa área das soluções inovadoras para uso eficiente da água e lembrou que a prioridade é integrar tratamento de água, esgoto, resíduos sólidos e a eliminação dos lixões.
O moderador dos debates, Alexandre Magrineli, frisou que o fomento à inovação passa também pelo setor público e citou o Programa do Governo do Estado Inova Minas, um ambiente que favorece essa inovação.
Também participaram do evento a diretora geral do Igam, Marília Melo, representantes de empresas privadas e da esfera pública, Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs), servidores do Sisema e representantes da sociedade civil organizada.
Ascom/Sisema
Ângela Almeida