Foto: Simge/MG
O fenômeno atmosférico-oceânico El Niño promete alterar o tempo no Brasil e em Minas Gerais em 2023. Em Minas, o fenômeno atmosférico-oceânico afetará, principalmente, a temperatura no inverno. No caso da chuva, a previsibilidade é baixa. Nos próximos 3 ou 4 meses, período mais seco do ano, o El Niño deve provocar temperaturas acima da média histórica em boa parte de Minas Gerais.
“O El Niño (EN) é caracterizado por anomalias positivas da Temperatura da Superfície do Mar (TSM), ou seja, águas mais quentes que as normais se estabelecem no Oceano Pacífico Tropical Centro-Oriental, próximo à costa oeste da América do Sul”, explica o meteorologista do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Heriberto dos Anjos Amaro. Quando as anomalias de TSM são negativas, dá-se o nome de La Niña à fase fria do EN.
O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) vem buscando formas de reduzir os impactos ambientais desse fenômeno. Desde o mês de abril de 2023 foi aberta a temporada de reuniões da Força Tarefa Previncêndio, coordenada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em que diversas instituições do estado, como o Igam, Corpo de Bombeiros Militar e Coordenadoria de Estadual Defesa Civil, tomam várias medidas necessárias para enfrentar e mitigar os efeitos relacionados ao período seco em Minas.
O diretor-geral do Igam, Marcelo da Fonseca, relata que o Instituto irá disponibilizar, no final de junho, um documento técnico com informações meteorológicas e hidrológicas acerca do comportamento da precipitação, evapotranspiração, umidade relativa do ar, seca relativa e vazões dos rios monitorados no território mineiro. “O objetivo é apresentar o cenário hidrometeorológico atual de Minas Gerais e servir como base para enfrentamento do período seco de 2023”, afirma.
Simge
O trabalho de monitoramento das condições climáticas é feito, no Igam, há 25 anos, pelo Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge). Somente em 2022, o Simge emitiu 15.088 alertas para a Coordenadoria de Estadual Defesa Civil (Cedec). O sistema é referência para que, nos casos de eventos naturais, os órgãos públicos tomem decisões que podem salvar vidas.
O trabalho de alerta é realizado em parceria com a Cedec e tem o apoio da Cemig para aquisição das informações. Ainda, para realizar a previsão de tempo e clima, bem como o monitoramento e a vigilância meteorológica, o Simge conta atualmente com ferramentas como produtos derivados de satélite, modelos meteorológicos e climáticos provenientes de órgãos nacionais e internacionais, sistemas de detecção de raios, dados observados por meio de Plataformas de Coleta de Dados (PCDS) automáticas e dados de radares meteorológicos.
Minas contra o Fogo
Em outra ação, o Estado vem intensificando os esforços para enfrentar a temporada de incêndios florestais. No dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio ambiente, o Governo de Minas lançou o programa "Minas Contra o Fogo". Trata-se da soma de esforços entre municípios, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o IEF, a Cedec e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), com o objetivo de prevenir e incrementar a capacidade de resposta dos municípios aos incêndios florestais.
O programa prevê o treinamento e a capacitação de brigadistas, além da disponibilização de equipamentos e auxílio na elaboração e execução de planos de contingência para a prevenção e combate aos incêndios florestais em áreas públicas e privadas. O Estado também orientará as prefeituras sobre decretação de emergência em caso de necessidade. "Com o envolvimento dos municípios, o tempo de resposta sempre pode melhorar", destacou a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo.
Foram convidados para integrar o programa, municípios que tiveram mais focos de incêndios em áreas de conservação estaduais em seus territórios. As unidades receberão Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) doados pelo IEF, como capacetes, luvas, óculos e coturnos, além de instrumentos de combate ao fogo, como abafadores, enxadas e bombas costais.
Queima prescrita
Outra ação para proteger as unidades de conservação dos incêndios florestais é a queima prescrita. O trabalho é uma das técnicas previstas no Manejo Integrado do Fogo (MIF), que também envolve práticas de planejamento, monitoramento, conscientização ambiental, pesquisas e, inclusive, a recuperação de áreas atingidas por incêndios. O MIF envolve o uso intencional de fogo para manejo de vegetação, nativa ou exótica, abrangendo técnicas de aceiro negro, fogo de supressão ou equivalentes, visando reduzir a ocorrência ou a severidade dos incêndios florestais, bem como combater as chamas, quando em propagação.
“Conseguimos vários benefícios, como proteger matas, nascentes, manter áreas de cerrado arbóreo. Em muitos locais os ambientes estavam floridos cerca de uma semana depois da queima”, destaca o gerente do Parque Estadual do Biribiri, Rodrigo Zeller, onde a ação já foi realizada em 2023. “Além dos benefícios ecológicos, temos outros objetivos, como resgatar a cultura do fogo amigo da natureza, ampliando a visão sobre ele e fortalecendo laços com as comunidades do entorno nessa questão”, completa.
A queima prescrita vem sendo desenvolvida em várias unidades de conservação, incorporando-se às ações cotidianas, como a sensibilização de comunidades do entorno sobre os malefícios dos incêndios florestais. Periodicamente, as equipes das reservas ambientais visitam esses moradores levando informações sobre o perigo do fogo e buscando aliados contra a prática.
Emerson Gomes
Ascom/Sisema