Crédito: Divulgação Semad
O Mapa de Qualidade das Águas foi apresentado ontem, 19 de abril, durante reunião do CERH
Os resultados apresentados no monitoramento da qualidade dos recursos hídricos em Minas apresentaram uma sutil melhoria em 2017, em relação aos resultados observados em 2016. Os dados fazem parte do Mapa de Qualidade das Águas de Minas Gerais de 2017, apresentado nesta quinta, 19 de abril, durante reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), em Belo Horizonte. O estudo analisa o Índice de Qualidade da Água (IQA) nas bacias do Estado, verificando contaminação orgânica e por material tóxico.
Com relação à média estadual, o IQA Excelente aumentou de 0,7% em 2016 para 1,3% dos resultados em 2017. Já o IQA Bom passou de 32% para 31%. Na análise do IQA Ruim, houve uma redução de 21% em 2016 para 19% em 2017, acompanhada do IQA Muito Ruim, que passou de 1,8% para 1,7%.
Diante dos resultados, observa-se a predominância do IQA Médio, que passou de 45% em 2016 para 47% em 2017, comportamento observado ao longo da série histórica de monitoramento (ver figura 1 abaixo).
O IQA reflete a contaminação das águas em decorrência da matéria orgânica e fecal, sólidos e nutrientes. A análise avalia os resultados de nove parâmetros (oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato total, variação da temperatura da água, turbidez e sólidos totais).
Os valores do IQA variam entre 0 e 100, sendo os níveis de qualidade classificados como Muito ruim, Ruim, Médio, Bom e Excelente.
Figura 1: Frequência de ocorrência do IQA trimestral no estado de Minas Gerais ao longo da sériehistórica de monitoramento.
* Frequência de ocorrência de IQA calculada com base nos primeiro, segundo e quarto trimestres do ano.
O Mapa de Qualidade da Água é produzido anualmente pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Para a diretora-geral do Instituto, Marilia Carvalho de Melo, o estudo revela uma tendência de melhora nos pontos onde é real a medição. "As políticas públicas têm conseguido reverter degradação com ações de recuperação e isso tem se mostrado fundamental", afirma.
Outro ponto de análise do documento é a avaliação dos resultados de IQA entre as bacias de Minas Gerais (Figura 2). Neste quesito, observa-se que nas bacias dos rios Paranaíba e São Francisco foram registradas ocorrências de IQA Excelente (2,3% em ambas). Os maiores percentuais de IQA Bom foram observados nos rios Jequitinhonha e Paranaíba (66% e 48%), respectivamente. Destaca-se, portanto, a condição de qualidade da água na bacia do rio Paranaíba.
Em contrapartida, as piores condições foram registradas nas bacias dos rios Itapemirim e Itabapoana, bacias do Leste e Mucuri, as quais registraram os maiores percentuais de IQA Ruim (42%, 30% e 27%), respectivamente. Ressalta-se que nos rios Itapemirim e Itabapoana, também ocorreram os maiores registros de IQA Muito Ruim, com 16,7% de ocorrências. Destaque também para a bacia do Paraíba do Sul que apresentou 3,8% dos resultados de IQA na condição Muito Ruim.
Figura 2: Frequência de ocorrência do IQA trimestral nas bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2017.
Na Figura 3 são apresentadas as frequências de ocorrências do IQA trimestral nas sub-bacias do rio São Francisco no ano de 2017. As sub-bacias do São Francisco que apresentaram as melhores condições de qualidade foram os rios Paracatu (SF7), Urucuia (SF8) e os rios Pandeiro e Calindó (SF9), as quais apresentaram mais da metade dos resultados nas melhores faixas de IQA (Excelente e Bom). Destaque para a bacia dos rios Pandeiro e Calindó (SF9, extremo-norte de Minas), onde a qualidade de 17,5% das amostras foi considerada excelente.
Em contrapartida as sub-bacias dos rios Paraopeba (SF3), do rio das Velhas (SF5) e afluentes do rio Verde Grande (SF10) apresentaram os maiores percentuais de ocorrência de IQA Ruim, representando as piores condições da bacia do rio São Francisco. Estes resultados decorrem da concentração populacional nestas bacias, bem como da proeminência das atividades produtivas. Apesar da porcentagem de percentual de IQA Ruim, a sub-bacia do Rio Verde Grande apresentou IQA Excelente em 6,9% das amostras e na sub-bacia do rio das Velhas foi observado 1,8% de IQA Excelente.
Figura 3: Frequência de ocorrência do IQA trimestral nas sub-bacias do rio São Franciscono ano de 2017.
CONTAMINAÇÃO POR TÓXICOS - CT
A Contaminação por Tóxicos – CT avalia a presença de 13 substâncias tóxicas nos corpos de água. A contaminação Baixa refere-se à ocorrência de substâncias tóxicas em concentrações que excedam em até 20% o limite de classe de enquadramento do trecho do corpo de água onde se localiza a estação de amostragem. A contaminação Média refere-se à faixa de concentração que ultrapasse os limites mencionados no intervalo de 20% a 100%, enquanto a contaminação Alta refere-se às concentrações que excedam em mais de 100% os limites estabelecidos na legislação.
Observa-se a predominância da contaminação Baixa em todo o estado. Também se observa que a contaminação Média apresenta-se dispersa em pontos da maioria das bacias hidrográficas. No ano de 2017 a CT Alta representou 11% dos resultados, seguida da Média com 4% de ocorrências.
Figura 4: Frequência de ocorrência de CT trimestral nas bacias do estado de Minas Gerais ao longo da série histórica de monitoramento.
Na Figura 5 são apresentadas as frequências de ocorrências da CT trimestral nas bacias de Minas Gerais no ano de 2017. A bacia dos rios Piracicaba e Jaguari registrou frequência de ocorrência de CT Baixa em 100% das análises efetuadas em 2017, sendo, portanto a melhor condição para este indicador em Minas Gerais. Por outro lado as maiores porcentagens de ocorrência de CT Alta foram observadas nas bacias dos rios São Francisco, Paraíba do Sul e Itapemirim/Itabapoana, onde foram registradas respectivamente, 13%, 9% e 8% de CT Alta em 2017.
Figura 5: Frequência de ocorrência do CT trimestral no estado de Minas Gerais no ano de 2017
Em relação às sub-bacias do rio São Francisco as melhores condições registradas para a CT foram nos rios Urucuia (SF8) e Pandeiros/Calindó (SF9) que apresentaram 100% e 98% dos resultados na condição de CT Baixa. Já as piores condições foram observadas no rio das Velhas (SF5) e nos afluentes do rio Verde Grande (SF10), onde 37% e 21% dos resultados estiveram na condição de CT Alta. Ressalta-se que estas duas sub-bacias também estiveram entre as piores condições da bacia do rio São Francisco, com relação ao índice de Qualidade da Água. Esses resultados refletem os impactos dos grandes centros urbanos da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do município de Montes Claros.
Figura 6: Frequência de ocorrência do CT trimestral nas sub-bacias do rio São Francisco no ano de 2017.
Numa avaliação entre o Índice de Qualidade da Água (IQA) e a Contaminação por Tóxicos (CT) em todo o Estado, registra-se que as bacias dos rios Paraíba do Sul e Itapemirim/Itabapoana estiveram entre as piores condições de qualidade no Estado, para ambos os indicadores avaliados.
Na bacia do rio Paraíba do Sul os maiores impactos são em função dos lançamentos de esgotos domésticos e efluentes industriais, principalmente dos municípios de Juiz de Fora, Visconde do Rio Branco, Ubá e Cataguases.
Para a bacia dos rios Itapemirim e Itabapoana é importante lembrar que os elevados valores percentuais são relativos, tendo em vista o baixo número de estações (4 estações), em função da pequena área de abrangência da bacia.
Na bacia do rio São Francisco merecem destaque as sub-bacias dos rios das Velhas (SF5) e afluentes do rio Verde Grande (SF10), que também estiveram entre as piores condições de IQA e CT do ano de 2017.
ANÁLISES DE TENDÊNCIAS
Pela primeira vez o Igam realizou um estudo estatístico das suas estações para avaliar a tendência de melhora ou piora da condição de qualidade das águas em relação ao IQA. Estudos como estes apoiam na avaliação da efetividade de políticas públicas que influem diretamente na qualidade das águas, como por exemplo, o saneamento ambiental nas bacias hidrográficas.
Os testes permitiram identificar a tendência em 116 estações do estado, destacando-se que 74 dessas apresentaram tendência de melhoria.
MONITORAMENTO
No estado de Minas Gerais, o monitoramento da qualidade das águas superficiais no Estado é realizado pelo Igam, por meio do Programa Águas de Minas, em execução desde 1997.
Os vinte e um anos de operação da rede de monitoramento vêm demonstrando a sua importância no fornecimento de informações básicas necessárias para a definição de estratégias e da própria avaliação da efetividade do Sistema de Controle Ambiental, sob responsabilidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e para o planejamento e Gestão Integrada dos Recursos Hídricos. Esse trabalho também serve de subsídio para a formação e atuação dos Comitês e Agências de Bacias Hidrográficas.
Os principais objetivos desse programa de monitoramento são:
- Conhecer e avaliar as condições da qualidade das águas superficiais em Minas Gerais;
- Divulgar a situação de qualidade das águas para os usuários e apoiar o estabelecimento de metas de qualidade;
- Fornecer subsídios para o planejamento da gestão dos recursos hídricos,
- Verificar a efetividade de ações de controle ambiental implementadas e propor prioridades de atuação.
O Igam conta hoje com 580 estações de amostragem da rede básica, que realizam o monitoramento dos cursos d’água nas bacias hidrográficas dos rios São Francisco, Grande, Doce, Paranaíba, Paraíba do Sul, Mucuri, Jequitinhonha, Pardo, Buranhém, Itapemirim, Itabapoana, Itanhém, Itaúnas, Jucuruçu, Peruípe, São Mateus e Piracicaba/Jaguari.
Na sub-bacia da Lagoa da Pampulha e no entorno da Cidade Administrativa de Minas Gerais (CAMG), são operadas redes de monitoramento específicas, denominadas redes dirigidas. Atualmente essa rede conta com 21 estações de monitoramento.
Ao longo do ano são realizadas quatro campanhas de amostragem da qualidade da água: duas no período seco e duas no chuvoso, com análise de cerca de 50 parâmetros.
Ascom/Sisema