“As informações coletadas sobre a região estão sendo trabalhadas em um relatório que justificará a necessidade da criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Mucuri e poderá ser utilizado para orientar a gestão das águas na bacia”, informa o consultor do Igam, Benito Marangon. O documento será apresentado ao Conselho de Recursos Hídricos de Minas Gerais no próximo semestre para que os conselheiros tenham subsídios para deliberar sobre a criação do Comitê.
Segundo Marangon, os dados foram coletados por meio de pesquisas secundárias e registros realizados durante as duas expedições realizadas na bacia e inúmeras reuniões locais de mobilização. “São informações de conteúdo vivencial, geradas pela interpretação dos atores locais que resultam de reflexões sobre suas experiências históricas e atuais do cotidiano de vida individual e coletivo da bacia”, explica.
Os dados revelam que a bacia do rio Mucuri está bastante degradada, com áreas vulneráveis sujeitas a freqüentes queimadas no período seco, principalmente devido ao uso inadequado das práticas agrícolas e à presença de vegetação seca e rasteira, como a samambaia. O extrativismo de madeiras para carvão e lenha e as queimadas são apontados pelos registros como ameaças ambientais que merecem atenção especial do futuro Comitê. “É preciso evitar que a supressão vegetal, uma realidade constatada às margens do rio, avance para as áreas de planaltos”, alerta Marangon.
Para o colaborador da Comissão Pró-Comitê, Alexandre Durann Matos, outro desafio ambiental do Vale é controlar o desmatamento na região, que está se intensificando em função do plantio de eucalipto. “Há uma promessa de que a produção do eucalipto gere uma renda dez vezes maior do que outras culturas”, afirma. O Cabo Célio, da Polícia de Meio Ambiente de Teófilo Otoni, complementa: “as perspectivas de ganho com o plantio de eucalipto estimulam o desmate sem orientação técnica e sem regularização ambiental”.
Dentre as propostas apresentadas, destacam-se ações de mobilização e sensibilização na bacia para promover o fortalecimento econômico, com responsabilidade ambiental e inclusão social. Outra ação é envolver todas as comunidades da região no gerenciamento das águas. Alexandre Durann Matos acredita que essa inclusão será facilitada com a criação de núcleos de apoio aos Comitês em diferentes regiões da bacia, com representação de atores locais. Estes núcleos teriam que assumir a co-responsabilidade de cuidar dos recursos naturais de sua comunidade e trabalhariam as questões ambientais, sociais, econômicas, além da saúde e educação.
Data: 13/05/08
Fonte: Ascom Sisema