A equipe navegou um total de 16h e 38 minutos com percurso feitos durante o dia e à noite
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) desceram o Rio Paracatu em expedição realizada pelo Movimento Verde de Paracatu (Mover), em parceria com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu (CBH Paracatu). O trajeto de 366 quilômetros foi cumprido entre os dias 10 e 13 de maio, para documentar a situação do curso d’água e constatar visualmente a condição em que se encontram suas águas.
A expedição contou com uma equipe de 12 pessoas, que percorreu durante três dias e quatro noites todo o trajeto até a foz do Paracatu, no encontro com o Rio São Francisco. No caminho, o grupo passou pelos afluentes Entre Ribeiros, Preto, Verde, Caatinga, do Sono e Ribeirão Santa Fé. A equipe navegou um total de 16h e 38 minutos.
Localizado no médio São Francisco, o Rio Paracatu tem por cabeceiras duas veredas conhecidas como Cana Brava e Riacho do Cavalo, localizadas na Serra de São Braz, prolongamentos da Serra da Marcela, entre a Chapada da Ponta Firme e da Serra do Garrote. Essas serras são os divisores de água da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba. A bacia hidrográfica localiza-se, quase que integralmente, no estado de Minas Gerais tendo apenas 4.400 Km2 dos seus 45.280 Km2 no estado do Goiás. O Rio Paracatu deságua no Rio São Francisco, a cerca de 130 Km a jusante de Pirapora.
“Mais que uma expedição técnica, a ação buscou aproximar os participantes com o rio, além de possibilitar maior sensibilidade e percepção social, cultural e humana que envolve a bacia”, destacou a analista ambiental do Igam e secretária adjunta do CBH Paracatu, Lara Fonseca. Segundo ela, foi uma oportunidade única participar da expedição, navegar, nadar e pescar pelo rio Paracatu.
“Pudemos perceber que, apesar de tantos conflitos pelo uso de água que a bacia vivencia, o rio está vivo. Isso foi muito percebido durante a expedição. A sensibilização que temos ao vivenciar o rio, presenciando os diversos usos, encontrando com pescadores, turistas e ribeirinhos durante a travessia, é completamente transformadora”, disse a servidora. No Paracatu, existem atualmente 1.165 outorgas concedidas para uso de água superficial e 1.160 de uso subterrâneo.
A expedição documentou toda a situação encontrada ao longo do percurso
Na expedição foi possível documentar a situação do Rio Paracatu durante o trajeto e constatar que a situação da bacia superou a expectativa dos integrantes da expedição, mostrando que o trabalho de preservação deve ser contínuo, possibilitando a melhoria da quantidade e qualidade da água na Bacia.
O servidor da regional Noroeste do IEF e conselheiro do CBH Paracatu, Danilo Dias, comentou sobre sua impressão após a expedição e como ela pode contribuir no trabalho de preservação da Bacia. “Achei o rio muito melhor do que eu esperava. O rio está vivo e com uma quantidade de água significativa. Esperamos que os resultados dessa expedição contribuam para a conscientização da sociedade no compromisso de preservação dos recursos hídricos, pois sem ele não há sustentabilidade da sociedade. ”
“Estamos satisfeitos com o trabalho realizado na expedição, e temos a dizer que nossa luta continua em busca de agregar um número ainda maior de pessoas comprometidas com as causas ambientais, e principalmente, com a preservação de nossas bacias hidrográficas”, disse o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, Antônio Vieira (Tonhão).
A expedição contou, também, com o apoio de empresas e outros órgãos como o Comitê de Bacia do Rio São Francisco; a Agência de Bacia Peixe Vivo e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
A expedição documentou toda a situação encontrada ao longo do percurso e diagnosticou que, apesar de ainda ser necessário melhorar a preservação da mata ciliar, das nascentes dos afluentes do rio, e do solo, o Rio Paracatu está melhor do que os integrantes da expedição esperavam. Segundo a equipe, o rio está com grande quantidade de água e menos poluído, algo muito positivo para um afluente do Rio São Francisco.
Lucas Nicácio
Ascom/Sisema
