Fotos: Janice Drumond
A cantora Nádia Campos fez a abertura do evento
Entrega do II Prêmio de Boas Práticas Ambientais e lançamento da plataforma sobre a disponibilidade hídrica no Estado de Minas Gerais marcaram o primeiro dia do encontro “Águas em Nossas Vidas”. O evento, realizado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) com o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), da Secretaria de Estado da Cultura (Sec), da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e do Conselho de Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), está sendo realizado hoje, dia 28 de junho, e amanhã, dia 29, no Museu Mineiro.
A cantora Nádia Campos fez a abertura do evento e apresentou o espetáculo Cantigas de Beira Campo, uma viagem musical pelos rios do Brasil, principalmente do Sertão Mineiro. Após o show, a diretora Geral do Igam, Marília Melo, abriu oficialmente os trabalhos do primeiro dia do encontro agradecendo o envolvimento de todos os parceiros na concepção do evento e ressaltando a proposta dos debates.
“Quando começamos a pensar nesse evento pensamos em uma concepção de resgate da cultura da relação das pessoas com o rio e com a bacia hidrográfica, além de dialogar com a sociedade. Que nesses dois dias de encontro possamos atrair quem realmente recebe a política pública de água, que consigamos por meio desse avento atingir o cidadão que é consumidor de água e dialogar com toda a sociedade as questões relacionadas a esse bem tão precioso”, frisou.
A diretora geral do Igam, Marília Melo, reforçou a importância do diálogo com a sociedade
João Bosco Senra, chefe da assessoria técnica da presidência da Copasa, também falou sobre a importância da discussão do tema água. “Nosso objetivo com esse evento é refletir a água em suas várias interfaces e fazer um evento multisetorial, para além de uma visão específica. Não estamos tratando nesse encontro apenas de recursos hídricos, mas de água, porque água é muito mais do que recurso hídrico, assim como gente é muito mais que recurso humano. Esse evento vem discutir a água em seus vários valores e facetas, em seus vários valores e simbologias”, frisou.
O secretário-Adjunto de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Anderson Aguilar, reforçou a oportunidade do trabalho realizado em parceria com outras instituições e o fortalecimento das ações por meio da convergência de objetivos. “Buscar um ponto de equilíbrio é difícil, mas é preciso fazer um exercício grande de escuta. Nesse esforço, o Sisema tem conseguido atingir aquilo que foi proposto, trazendo a transparência necessária, por meio da disponibilização de informações claras para a sociedade”, reforçou.
Lançamento do aplicativo DH-Minas
O aplicativo foi lançado pelos professores Falco Pruski da UFV e José Rui Castro de Souza do Instituto Federal
Durante a abertura foi lançado o Sistema DH-Minas – disponibilidade Hídrica para o Estado de Minas Gerais. O sistema, desenvolvido por profissionais da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e do Instituto Federal Sudeste de Minas, foi apresentado pelos professores Fernando Falco Pruski da UFV e José Rui Castro de Souza do Instituto Federal.
O Igam desenvolveu, em 2012, uma nova metodologia de regionalização de vazão no Estado de Minas Gerais, que foi lançado em livro. Agora, a metodologia estará disponível também por meio do software desenvolvido. De acordo com o professor Rui Castro, a plataforma foi construída para atender a múltiplas plataformas, que tenham a máquina virtual Java instalada.
A metodologia tem como objetivo o aperfeiçoamento da análise técnica de outorga referente à obtenção de informações, por meio de estudos prévios e a geração de cálculo para disponibilidade hídrica de forma pré-processada. Para a concessão de outorga, uma das informações essenciais é a disponibilidade hídrica dos cursos de água, obtida pelo método de regionalização de vazões. A regionalização de vazão é uma técnica utilizada para suprir a carência de informações hidrológicas em locais com pouca ou nenhuma disponibilidade de dados, sendo considerada uma ferramenta de suma importância no gerenciamento dos recursos hídricos.
O estudo, disponibilizado agora pelo aplicativo, irá garantir a qualidade técnica e a otimização do tempo de análise dos processos de outorga, contribuindo fortemente para a melhoria da gestão e do planejamento dos recursos hídricos no Estado de Minas Gerais.
Prêmio de Boas Práticas Ambientais
A replicação das boas práticas no dia a dia das pessoas é um dos objetivos do Prêmio
Em seguida, foram anunciados os vencedores do II Prêmio de Boas Práticas Ambientais. A premiação é uma iniciativa do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) que visa reconhecer, incentivar e divulgar boas práticas ou projetos de conservação, uso racional e combate ao desperdício dos recursos hídricos no Estado de Minas Gerais.
Os inscritos na premiação foram avaliados por uma comissão julgadora composta por servidores dos órgãos ambientais do Estado de Minas Gerais e convidados, como profissionais e representantes de entidades que atuam na área da temática do Prêmio.
A premiação foi dividida em quatro categorias: Melhor Prática ou Projeto de Cidadão ou Grupo de Cidadãos - pessoa física; Melhor Prática ou Projeto da Sociedade Civil Organizada – pessoa jurídica; Melhor Prática ou Projeto de Órgão Público Municipal, Estadual ou Federal – pessoa jurídica e Melhor Prática ou Projeto de Instituições Privadas – pessoa jurídica
André Ruas, assessor de Educação Ambiental e Relações Institucionais da Semad, disse que o objetivo do Prêmio é valorizar as iniciativas que cuidam do meio ambiente e que isso deve ser um dever de todos. “Além disso, queremos educar dando bons exemplos e, por isso, nada impede que esses projetos sejam replicados, incentivando outras pessoas a adotarem essas boas práticas em suas vidas”, disse.
Foram premiados em cada categoria:
Instituições Privadas
1º lugar: Vale S/A
Projeto “Ecopraça Ciclo das Águas: a práxis da educação ambiental através da construção de um sistema de tratamento de esgotos em Nova Lima/MG”
2º lugar: Cervejaria Ambev
Projeto “Cervejaria Ambev e o compromisso com a preservação da água: reuso de efluentes na unidade de Uberlândia”
3º lugar: Fiat Chrysler Automóveis Brasil
Projeto “Aumento no percentual de reuso de água na Planta FCA Fiat Betim”
Cidadão ou Grupo de Cidadãos
1º lugar: Helen Oliveira Loureiro, Laura Guimarães Soares, Rana Gabriela Lacerda Santos
Projeto “Proposta de um sistema alternativo para tratamento de água”
2º lugar: Guilherme Jaques, Silvio Lincoln, Gildásio Cardozo, Messias Barbosa, Itamar Mauricio e Ailton Rodrigues
Projeto “Os Caçadores de Nascentes: proteção e recuperação”
3º lugar: Thiago de Sousa Pereira, Pedro Henrique F. Bento, Gustavo R. de Moura, Erika Peres P. Mundin
Projeto “Parque Municipal das Embaúbas”
Categoria: Órgão Público Municipal, Estadual ou Federal
1º lugar: Secretaria Municipal de Educação - Prefeitura de Belo Horizonte
Projeto “Programa Ecoescola BH”
2º lugar: Escola Estadual João Pinheiro – Ituiutaba/MG
Projeto “Sustentabilidade: uma meta pesquisada pela Escola Estadual João Pinheiro”
3º lugar: Universidade Federal de Minas Gerais - Instituto de Ciências Biológicas
Projeto “Monitoramento Participativo com Escolas de Ensino Básico: ciência cidadã como exercício de cidadania”
Categoria: Sociedade Civil Organizada
1º lugar: Instituto Terra
Projeto “Programa Olhos D'água – ODA”
2º lugar: Instituto Espinhaço Biodiversidade, Cultura e Desenvolvimento Socioambiental
Projeto “Semeando Florestas, Colhendo Águas na Serra do Espinhaço”
3º lugar: Associação Rural de Dionísio/MG
Projeto “Barraginhas”
Roda de Conversa
Após a abertura do evento foi realizada uma roda de conversa com o tema: Água, Saúde e Direitos Humanos. Participaram dos debates, além do público presente, a diretora da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae), Camila Silveira Carvalho, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas Gerais e relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito Humano à Água e Saneamento, professor Léo Heller, a diretora da Vigilância de Alimentos da Secretaria de Estado da Saúde (SEE), Ângela Ferreira Vieira e o gerente da Divisão de Qualidade e Controle Laboratorial da Copasa, Airis Antônio Horta.
O pesquisador Léo Heller lembrou a todos que, desde 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução A/RES/64/292, declarou a água limpa e segura e o saneamento um direito humano essencial para a vida das pessoas. “Isso implica que os governos passaram a ter obrigações legais, com base nos princípios fundamentais dos direitos humanos”, disse.
Ele frisou, também, que oito anos depois dessa garantia, isso ainda não está bem enquadrado. “Essa garantia significa fornecer água à população, acessível fisicamente como também economicamente. Nesse caso, não se poderia negar água a quem não tem condições de arcar com esse custo e é pape dos prestadores oferecer ao pobre a condição de acesso a esse serviço tão essencial, assim como o acesso ao esgotamento sanitário e à disposição adequada dos esgotos”, afirmou.
Janice Drumond e Milene Duque
Ascom/Sisema