Durante uma caminhada noturna realizada no Parque Estadual Serra Verde, localizado na Zona Norte da capital mineira e próximo à Cidade Administrativa, a equipe da Unidade de Conservação teve a grande surpresa de se deparar com um filhote de ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus).
A espécie, por ter hábitos noturnos e ser arborícola (que vivem em árvores), é muito difícil de ser vista. Segundo o gerente do Parque, André Portugal, o animal foi encontrado por ser tratar de um filhote, que tudo indica se perdeu da mãe ou ela morreu. “Essa espécie é muito silenciosa, e só o encontramos porque ele estava vocalizando, ou seja, “chorando”, disse”.
Crédito: Moisés da Silva
O Ouriço-cacheiro foi avistado durante caminhada noturna no Parque
O filhote foi enviado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres de BH (Cetas) para ser alimentado e cuidado e está sob os cuidados da veterinária do Instituto Estadual de Floresta (IEF), Érica Procópio. “Essa reabilitação demora cerca de quatro a seis meses, após esse período o filhote já estará mais maduro e forte para ser solto novamente no Parque”, ressaltou o gerente.
Até então, a espécie não havia sido registrada na área. Com isto, a lista de espécies que vivem e são protegidas no Parque Estadual Serra Verde sobe para doze.
A espécie
O ouriço-cacheiro é um mamífero encontrado no Brasil, na Venezuela, nas Guianas e na Bolívia e mede cerca de 60 cm na fase adulta. Seu dorso é pardo-amarelo-escuro, apresentando grande número de espinhos que medem em torno 4 cm de comprimento.
Crédito: Moisés da Silva
A espécie é encontrada no Brasil, na Venezuela, nas Guianas e na Bolívia
A região da barriga é desprovida de espinhos e é apenas coberta de pelos mais ou menos macios. Alimenta-se de insetos, caracóis e vegetais e dá origem a um ou dois filhotes em cada parto.
Os espinhos são sua defesa. Mas ao contrário do que diz a crença popular, eles não são capazes de lançá-los, mas em situação de perigo os ouriços encolhem o corpo e eriçam os espinhos, que ao entrar em contato com a pele do predador causa ferimentos e dor. Normalmente é um animal tímido e inofensivo, que só ataca quando se sente ameaçado. Seus predadores naturais são os texugos, os gatos selvagens, os cães, os lobos, as raposas e as doninhas.
O nome “cacheiro”, de certa forma, resume a sua natureza: cachar, no dicionário, é o mesmo que esconder-se, ocultar-se. É uma espécie bastante não se faz de rogado e prende-se aos cipós, agarrado a até 15 metros de altura. Pura estratégia de sobrevivência.
Janice Drumond
Ascom/Sisema